quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Deus falando com seu povo.

Isaías 44,1-5: Tu és meu!
«Mas agora ouve-me, Jacob, meu servo, Israel a quem escolhi: eis o que diz o Senhor que te criou, que te formou desde o seio materno e te socorre: Nada temas, Jacob, meu servo, meu querido, que eu escolhi. Vou derramar água sobre o que tem sede, e fazer correr rios sobre a terra árida. Vou derramar o meu espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes. Crescerão como erva junto das fontes, como salgueiros junto das águas correntes. Um dirá: ’Eu sou do Senhor’; outro reclamará para si o nome de Jacob; outro se tatuará no braço: ’Pertenço ao Senhor’, e receberá o sobrenome de Israel.» (Isaías 44,1-5)
A ideia de pertencer a alguém poder-nos-ia parecer apenas negativa. Será que não parece contradizer as nossas aspirações, sem dúvida justas, à liberdade e à autonomia? Ela parecia muito negativa para o povo ao qual se dirige a mensagem do profeta, povo em exílio, submetido ao poder de outro: um povo que já não pertence a si próprio.
Ao mesmo tempo, o Evangelho não parece convidar-nos a libertamo-nos de toda a pertença, mas antes a escolher o mestre que servimos. E se reflectirmos sobre isto, descobrimos que a nossa vida quotidiana é feita de pertenças múltiplas. Algumas somos nós que as reivindicamos. Outras parecem-nos desejáveis, mas as portas que lhes dão acesso continuam fechadas ou abrem-se apenas depois de um tempo de espera ou após termos prestado provas.
Deus não age assim. Ele escolheu-nos «desde o seio materno», desde sempre, antes que tivéssemos tempo de fazer ou merecer o que quer que fosse. Deus diz um sim incondicional ao povo a quem ele chama «seu servo», que ele «libertou» de uma dura servidão e que por isso lhe pertence. Esse «sim», que ele diz também a cada um de nós, torna-se fonte de vida: ela sacia a nossa sede de reconhecimento e de amor; ela pode jorrar mesmo no meio dos nossos desertos, e não secará.
Quando tomamos consciência deste sim de Deus, tornamo-nos testemunhas desta pertença e cantá-la-emos tal como as testemunhas neste texto; poderíamos juntar-nos ao canto de alegria que o irmão Roger propunha à nossa alma: «eu sou de Cristo, eu pertenço Cristo».
- De que pertenças é feita a minha vida quotidiana? Quais foram escolhidas por mim? Quais me distinguem e me separam dos outros e quais me fazem descobrir que estou ligado aos outros?
- Será que acredito que Deus me escolheu? Quando é que me sinto levado pelo «sim» que ele me dirige? Como posso testemunhá-lo aos outros?

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